Vice-governador Wanderley Barbosa assume interinamente o governo do Tocantins após Carlesse ser afastado

O vice-governador Wanderley Barbosa (sem partido) assumiu interinamente o governo do Tocantins. Ele fica no cargo enquanto o governador Mauro Carlesse (PSL) estiver afastado, o que pode durar até seis meses.

A decisão de afastamento, divulgada nesta quarta-feira (20), foi tomada pelo ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e será submetida ao pleno da Corte, que pode mantê-la ou revogá-la.

As investigações que levaram a essa decisão fazem parte de um inquérito aberto pela Polícia Federal há dois anos e que culminou em duas operações realizadas no Tocantins nesta manhã. O objetivo é apurar o pagamento de propina relacionada ao plano de saúde dos servidores estaduais e obstrução de investigações, além de incorporação de recursos públicos desviados ao patrimônio dos investigados (leia mais abaixo).

A TV Anhanguera apurou que no fim desta manhã o vice governador foi empossado na sede da Procuradoria Geral do Estado, logo depois de ser intimado – tomando conhecimento oficial – por agentes da Polícia Federal das ordens do Ministro Campbell.

Vice-governador Wanderlei Barbosa (à esq) assume interinamente comando do Palácio Araguaia — Foto: Andréia Reis/Governo do Tocantins

Vice-governador Wanderlei Barbosa (à esq) assume interinamente comando do Palácio Araguaia — Foto: Andréia Reis/Governo do Tocantins

Conheça Wanderlei Barbosa

Wanderlei tem 57 anos e é natural de Porto Nacional. Ele começou a carreira política em 1989, quando se elegeu vereador pelo município em que nasceu. Em 1996 migrou para a capital e se elegeu vereador por Palmas, cargo que ocupou por mandatos sucessivos até 2010, chegando a presidir a câmara municipal por quatro anos.

Em 2010 se elegeu para o primeiro de dois mandatos como deputado estadual. Ele permaneceu nesta função até 2018, quando se afastou para disputar a eleição suplementar ao lado de Carlesse como vice-governador na chapa que acabou vencedora. A disputa foi convocada por causa da cassação de Marcelo Miranda e Claudia Lelis dos cargos de governador e vice.

Wanderlei é casado com Blandina Vieira Leite Castro e pai de Ygor Leonardo Castro Leite, Rérison Antonio Castro Leite e Rosa Maria Castro Leite.

Um dos filhos, Rérison Antonio, foi nomeado presidente da Agência de Metrologia do Tocantins em 2019 e segue ocupando o cargo.

Ao longo dos últimos anos, Wanderlei Barbosa trabalhou em sintonia com o governador Mauro Carlesse. Ele foi escolhido para encabeçar ações como o combate à queimadas no último período de estiagem, representou o governo em entregas de obras e também em reuniões a que o governador não pode comparecer. Como Carlesse não poderia disputar a reeleição, Wanderlei é visto como um dos principais pré-candidatos a sucessão dele no comando do Poder Executivo.

Operação da Polícia Federal

As investigações que resultaram na determinação de afastamento do governador Mauro Calesse pelo STJ são resultado de duas operações da PF, chamadas Éris e Hygea.

O foco da operação Éris é desarticular o braço da organização criminosa na Secretaria de Segurança Pública, suspeito de obstruir investigações e vazar informações aos investigados, enquanto a Hygea busca desmantelar esquema de pagamentos de vantagens indevidas relacionadas ao Plansaúde, plano de saúde dos servidores estaduais.

Em nota, a PF informou que, segundo as investigações, “o governo estadual removeu indevidamente delegados responsáveis por inquéritos de combate à corrupção conforme as apurações avançavam e mencionavam expressamente membros da cúpula do Estado. Há ainda fortes evidências da produção coordenada de documentos falsos para manutenção dos interesses da organização criminosa.”

Conforme apuração da TV Anhanguera, a investigação, até o presente momento, estima que cerca de R$ 44 milhões de reais tenham sido pagos a título de vantagens indevidas. Os valores podem ser maiores, já que a participação de outras empresas no esquema ainda está sendo investigada.

Segundo nota da Polícia Federal, as investigações começaram há cerca de dois anos e “reuniram um vasto conjunto de elementos que demonstram um complexo aparelhamento da estrutura estatal voltado a permitir a continuidade de diversos esquemas criminosos comandados pelos principais investigados”.

Fonte: g1 Tocantins

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