Nenhum ditador faz uma eleição para perder, diz  ex-embaixador Rubens Barbosa

O ex-embaixador Rubens Barbosa criticou a decisão do governo Lula de enviar o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, para acompanhar a eleição na Venezuela.

Para Barbosa, a atmosfera em torno das eleições venezuelanas será uma prova de fogo para a política externa do governo petista.

Com a presença de Amorim durante todo o pleito no país vizinho, o governo brasileiro não reconheceu a vitória do ditador Nicolás Maduro e destacou que a publicidade dos dados referentes a cada uma das sessões é fator determinante para assegurar a legitimidade das eleições.

– Acho que esse é um grande teste da política externa brasileira, o maior teste do governo Lula. Acho que Lula vai ser muito aconselhado a não se manifestar, porque se ele se manifestar, certamente vai colocar o Itamaraty em uma posição muito difícil – observou em entrevista ao UOL, nesta segunda-feira (29).

Barbosa ressaltou que “a ida de Celso Amorim à Venezuela, do ponto de vista do governo, foi um erro. Ele está acompanhando. Teve contatos com oposição, com o governo e sabe o que está acontecendo lá”.

– Ele vai ter que se manifestar privadamente ou publicamente com o presidente para o governo brasileiro se manifestar.

Barbosa disse que o resultado em favor de Maduro já era previsto.

– Eu não conheço nenhum caso em que um governante de países autoritários faça uma eleição para perder. Não existe isso. Nunca imaginei, nesse processo todo, que o resultado seria diferente. Não acreditava nas narrativas que estavam em andamento nesse período prévio à eleição. Países autoritários não fazem eleição para perder – concluiu.

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