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Governo Lula classifica tilápia como “espécie invasora”, mas libera megacarga do Vietnã que beneficia a JBS

A decisão do governo Lula de incluir a tilápia na Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras — sob argumento ambiental — colide frontalmente com outra medida adotada simultaneamente pelo próprio governo: a autorização para a entrada de 700 toneladas do peixe importado do Vietnã, operação conduzida pela JBS, gigante global de proteína dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

A contradição expôs um evidente descompasso entre os discursos ambiental e produtivo do governo — e levantou suspeitas no setor sobre interesses econômicos privilegiados.

Classificação ambiental para uns, abertura de mercado para amigos

Ao incluir a tilápia como espécie exótica invasora, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) justificou que o peixe africano já se espalha por rios brasileiros, afetando ecossistemas locais. A lista, embora não proíba a criação comercial, pode gerar entraves para produtores nacionais, como:

  • exigências de licenciamento mais rigorosas;
  • aumento do custo operacional;
  • riscos de judicialização e insegurança jurídica.

Enquanto isso, no mesmo período, o Ministério da Agricultura liberou a importação massiva de filés de tilápia vietnamita, após mais de um ano de suspensão.

A operação da JBS inclui 32 contêineres enviados pelo Vietnã — o primeiro saiu em 6 de novembro e chega ao Porto de Santos em 17 de dezembro.

A JBS, maior processadora de proteína animal do planeta e alvo de críticas constantes por influência política, é quem opera a importação. O negócio foi possível graças ao acordo firmado entre Lula e o premiê vietnamita Pham Minh Chinh na cúpula ampliada do Brics.

Assim:

  • o governo encarece e fragiliza a produção nacional ao etiquetar a tilápia como “invasora”;
  • ao mesmo tempo, abre mercado para o produto importado, com preço mais baixo, originado sob regras ambientais mais permissivas;
  • e beneficia uma das empresas mais próximas do poder, a JBS.

Produtores nacionais avaliam que a medida cria um “ambiente hostil” para o produtor brasileiro, enquanto favorece quem importa barato e vende caro no mercado doméstico.

Representantes da piscicultura apontam que a importação cria três problemas imediatos:

  1. Concorrência desleal — O Vietnã possui padrões ambientais e sanitários menos exigentes, reduzindo custos.
  2. Risco sanitário real — Importações podem trazer enfermidades inexistentes no Brasil.
  3. Dano econômico — O impacto direto sobre 3 milhões de empregos ligados à cadeia produtiva.

Enquanto isso, no plano político, integrantes da base governista tentam minimizar a repercussão, afirmando que a lista de espécies invasoras é “meramente técnica”.

Movimento coordenado ou coincidência conveniente?

A cronologia dos fatos aumenta o desconforto:

  • fevereiro/2024 — suspensão de importações;
  • abril/2025 — Mapa libera novamente os filés vietnamitas;
  • julho/2025 — Lula firma acordo com o Vietnã no Brics;
  • novembro/2025 — tilápia é classificada como espécie invasora;
  • dezembro/2025 — megaoperação de importação da JBS chega ao país.

Na prática, o governo criou:

1. Um entrave ambiental para o produtor nacional.
2. Uma janela comercial perfeita para quem importa — especialmente a JBS.

A decisão ocorre justamente durante a COP30, quando o governo tenta se apresentar como líder global da sustentabilidade. Ao mesmo tempo em que endurece regras contra produtores nacionais com base em critérios ambientais, o governo abre a porteira para importações vindas de um país com padrões ambientais muito menos rigorosos.

A contradição pegou mal no setor produtivo e já suscita críticas no Congresso.

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