Na ânsia de atingir Bolsonaro, imprensa surta e apela

Em toda a minha vida, nunca vi a imprensa brasileira chegar aos níveis de baixeza e péssimo jornalismo a que chegou nos últimos meses, em decorrência de sua obsessão explícita de impedir que o candidato conservador Jair Bolsonaro tenha alguma chance de ganhar as eleições presidenciais deste ano. Impedir que ganhe, não. É mais do que isso: ela quer destruí-lo a todo custo. É um vale tudo insano, misto de histeria com hidrofobia; uma cena deprimente e constrangedora.

O septuagenário jornalista judeu norte-americano Bernard Goldberg, autor best-seller com cinco décadas de profissão jornalística, ganhador de 14 prêmios Emmy na área de jornalismo, tendo trabalhado por décadas na CBS, já dizia: “Este é um dos maiores problemas do grande jornalismo hoje: as elites estão irremediavelmente fora de contato com as pessoas comuns. Seus amigos são de esquerda, assim como eles são. Eles compartilham os mesmos valores. Quase todos pensam da mesma forma sobre as grandes questões sociais do nosso tempo: o aborto, o controle de armas, o feminismo, os direitos dos homossexuais, o meio-ambiente, a oração na escola. Depois de um tempo, eles começam a acreditar que todas as pessoas civilizadas pensam da mesma maneira que eles e seus amigos. É por isso que eles não apenas discordam dos conservadores. Eles os veem como moralmente deficientes”. Eu acrescentaria: muitos deles os veem literalmente como inimigos, como a representação do mal.

Já tentaram impor sem sucesso, artificialmente, sem provas, a narrativa de que Bolsonaro seria misógino, racista, fascista, xenófobo, homofóbico etc. Só retórica. Fatos que sustentem cabalmente essa ladainha, nenhum, razão pela qual, apesar de esse mantra ser repetido ad nauseam de manhã, de tarde, de noite, de madrugada, meses a fio, ano após ano, nas tevês, jornais, revistas, rádio e redes sociais, a maioria da população não aderiu e não adere a essa histeria. Mas, quando você pensa que já viu de tudo…

A última baixeza da imprensa mainstream brasileira se deu ontem, quando o site do jornal Folha de São Paulo publicou uma matéria, no final do dia, afirmando em seu título o que se segue: “Ex-mulher afirmou ter sofrido ameaça de morte de Bolsonaro, diz Itamaraty”. E o subtítulo da matéria asseverava: “Segundo documento de 2011, Ana Cristina afirmou que viajou à Noruega por medo do deputado; relato não é real, diz ela hoje”. Bem, e o que diz o tal documento, que é um telegrama de 2011? Eis o texto: “A senhora Ana Cristina Siqueira Valle disse ter deixado o Brasil há dois anos, em 2009, por ter sido ameaçada de morte pelo pai do menor [Bolsonaro]. Aduziu ela que tal acusação poderia motivar pedido de asilo político neste país [Noruega]”.

Aí você vai ler a matéria, que conta com 21 parágrafos, e descobre – descaradamente somente no 18º, 20º e 21º parágrafos (ou seja, no “apêndice” da matéria) – que:

1) A ex-mulher de Bolsonaro nega que este tenha alguma vez na vida lhe ameaçado de morte e também que ela tenha conversado com qualquer membro da embaixada sobre qualquer assunto, confirmando apenas que certa vez a embaixada ligou para falar com o seu marido norueguês em Oslo;

2) O atual marido confirma que recebeu, sim, uma ligação da embaixada do Brasil em Oslo, como diz a sua esposa, mas declara que não apenas desconhece qualquer ameaça de morte contra ela por parte de Bolsonaro como em nenhum momento da conversa com a embaixada alguma suposta ameaça foi mencionada;

3) E o embaixador do Brasil na Noruega, responsável por escrever o telegrama, afirma que não teve contato nenhum com a ex-esposa de Bolsonaro ou com o marido dela, tendo feito o registro com base em informações que lhe teriam sido passadas pelo vice-cônsul do Brasil em Oslo, que supostamente teria falado com Ana Cristina, que por sua vez afirma que o contato foi com seu marido norueguês, que reconhece ter recebido uma ligação da embaixada, mas que tal conversa não girou em torno de qualquer ameaça. Ademais, tal tipo de documento normalmente não exige que quem o produz tenha estrito compromisso com a exatidão e a veracidade da informação reportada.

Bem, no jornalismo, a gente aprende que quando não dá para confirmar a veracidade de um suposto evento, não apenas por (1) não termos provas inequívocas dele, mas também porque (2) a própria pessoa que seria vítima desse evento nega contundentemente que ele tenha ocorrido, o bom senso e a ética jornalística manda não publicar a matéria. Bem, na Folha de São Paulo, isso já não funciona há muito tempo. E pior é que esse pessoal ainda fala de fake news!

Curiosamente, um dos jornalistas que assina a matéria é Marina Dias, filha do deputado estadual petista José Américo Dias, ex-secretário nacional de Comunicação do PT e ex-secretário de Relações Governamentais do ex-prefeito e atual candidato do PT à Presidência, senhor Fernando Haddad, concorrente direto de Bolsonaro. Não é mesmo extremamente curioso?

É a autodestruição do jornalismo tradicional pela ideologia. Fabiano Abreu, do MF Press Global, bem disse hoje sobre esse caso: “Temo que, com essa falta de imparcialidade, o jornalismo brasileiro perca sua credibilidade. Não podemos negar que essas eleições já dividiram o povo, criaram ódio de muitos por alguns veículos de imprensa. Basta ir na rede social. Eu também tenho uma empresa de midia social e tenho todo mecanismo de pesquisa para avaliar resultados e a imprensa brasileira nunca foi tão ‘detonada’ como está sendo. Eu, como jornalista, peço para que isso não prejudique nós, jornalistas. Antes, ser jornalista era ser respeitado, ser considerado inteligente, era ter um posicionamento na sociedade, era orgulhar-se do diploma e(ou) do registro. Que não sejamos vistos como os políticos são vistos, como sujos”.

Segue AQUI vídeo da ex-mulher de Bolsonaro desmentindo ainda ontem à noite a história e segue também este outro vídeo AQUI com a excelente análise dos jornalistas Augusto Nunes e Felipe Moura Brasil no programa Pingo nos Is da Jovem Pan ontem sobre o absurdo cometido pela Folha de São Paulo.

Até onde vai essa obsessão doentia? Não há como dizer, pois os limites já foram todos atropelados. Tudo agora é possível. Só para se ter uma ideia, no dia do atentado a Bolsonaro, houve jornalista que nas redes sociais celebrou o atentado contra ele e ainda outros que lamentaram porque o candidato do PSL não morreu. E mais recentemente, quando um dos candidatos chamou Bolsonaro de “Hitler”, “nazista” e “bandido”, e ainda classificou os moradores da Região Sul do Brasil de “nazistas”, essa mesma imprensa silenciou quase que completamente, deixou para lá, sinalizando no ar uma concordância tácita. Ora, há algo mais sintomático quanto à doença da alma dessas pessoas do que esse conjunto de atitudes? Mentes assim não têm limites. Lamentavelmente, a expectativa é de que cenas mais pesadas ainda serão vistas até o dia 7 de outubro ou, talvez, até o dia 28 de outubro. Oremos por essas eleições. E os estômagos mais fracos que preparem seu engov.

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Silas Daniel é pastor, jornalista, chefe de Jornalismo da CPAD e escritor. Autor dos livros “Reflexão sobre a alma e o tempo”, “Habacuque – a vitória da fé em meio ao caos”, “História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil”, “Como vencer a frustração espiritual” e “A Sedução das Novas Teologias”, todos títulos da CPAD, tendo este último conquistado o Prêmio Areté da Associação de Editores Cristãos (Asec) como Melhor Obra de Apologética Cristã no Brasil em 2008.

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