Em resolução, PT defende um 4° mandato de Lula e alfineta Zanin

Como resultado da reunião do Diretório Nacional realizada na última segunda-feira (28), o Partido dos Trabalhadores (PT) elaborou uma resolução com 37 pontos que trazem recados velados a figuras políticas e defendem abertamente a reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

De acordo com informações do portal G1, um possível quarto mandato do petista é mencionado explicitamente três vezes no documento: no primeiro tópico, no 29° e no 37°.

– As eleições municipais de 2024 demarcam um momento estratégico para a construção de uma sólida aliança popular e democrática que promova a recondução do governo Lula em 2026 – inicia o documento.

Na sequência, o texto defende que o terceiro mandato do petista “prepara as bases” para um “quarto governo Lula”. Já no último tópico, o PT reforça o apelo ao defender que haja “mobilização social” nos municípios para “reeleger Lula em 2026”.

O relatório ainda direciona um recado subliminar ao novo ministro do STF nomeado por Lula, Cristiano Zanin. O partido teme que o magistrado vote a favor do marco temporal, confirmando um suposto posicionamento conservador e revoltando a militância.

O tema é abordado no tópico 13, número oficial da sigla, e embora não traga menção direta a Zanin, fontes do PT disseram ao G1 que é um recado nítido ao ministro.

– No momento em que o STF deve retomar o julgamento do “marco temporal”, manifestamos a expectativa de que a Suprema Corte reafirme os direitos dos povos indígenas, como ocorreu em decisões anteriores. Esta expectativa de uma atuação em defesa da civilização é reforçada por recentes decisões e avanços do STF neste sentido. São eles: a equiparação da ofensa contra pessoas LGBTQIA+ ao crime de injúria racial; a abertura de ação sobre a violência contra povos indígenas Guarani-Kaiowa pela Polícia Militar de Mato Grosso do Sul; a manutenção, ainda que parcialmente, do princípio da insignificância e o avanço na descriminalização do porte de cannabis para uso pessoal, passo importante para a mudança na equivocada e letal política de guerra às drogas – diz o texto.

Vale lembrar que Zanin votou contrário a equiparar homofobia com injúria racial, contra descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal e contra reconhecer violência policial contra os povos Guarani Kaiowá, despertando insatisfação na esquerda.

O documento ainda menciona, no item 12, os índices de letalidade ocasionadas pela polícia, em reflexão que foi interpretada como uma mensagem ao ministro da Casa Civil, Rui Costa. Rui foi governador da Bahia nos anos anteriores, e o PT comanda o estado desde 2007. Ainda assim, a Bahia números altos de mortes ocasionadas pela Polícia Militar, o que gerou recentemente incômodo no partido e em movimentos de esquerda.

– A violência é um método inaceitável de ação por parte das polícias estaduais, que atinge a população mais jovem, pobre e preta do nosso país, assim como tem incidência nos próprios policiais. Os governadores têm a oportunidade e o desafio, junto com o governo federal, de mudar situações como essas, buscando enfrentar as organizações criminosas com base numa política maior de inteligência e investigação – defende o texto.

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