Senado aprova investigação nos Correios após déficit bilionário na gestão Lula

A Comissão de Fiscalização e Controle do Senado aprovou a abertura de uma investigação sobre os Correios, após a estatal registrar em 2024 o primeiro déficit desde 2016. O prejuízo acumulado chegou a R$ 2,6 bilhões, resultado atribuído a má gestão, aumento de custos e queda de receitas.

A proposta foi apresentada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e relatada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O instrumento utilizado é a Proposta de Fiscalização e Controle (PFS), prevista desde 2013, mas pouco usada no Senado. Diferente de uma CPI, a PFS não permite convocar pessoas ou quebrar sigilos, restringindo-se à solicitação de informações e produção de relatórios em conjunto com o Tribunal de Contas da União (TCU).

Segundo dados oficiais, a receita líquida dos Correios em 2024 foi de R$ 18,9 bilhões, 1,74% inferior à de 2023. Os custos, por sua vez, cresceram 4,7%, alcançando R$ 15,9 bilhões. O lucro bruto caiu 26%, somando R$ 3 bilhões, e apenas 15% das agências da estatal tiveram resultado positivo no período.

A investigação deve apurar irregularidades administrativas e contábeis, riscos operacionais, indícios de fraude e concorrência desleal. Damares e Flávio Bolsonaro apontam ainda aparelhamento institucional e gestão temerária como fatores que contribuíram para o resultado negativo.

A aprovação ocorreu em cerca de 30 segundos, sem manifestações contrárias, mas gerou reação da base governista. O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), criticou a rapidez da votação e disse que o pedido extrapola a competência da comissão ao incluir empresas privadas. Ele anunciou que vai recorrer à mesa diretora.

Para Flávio Bolsonaro, porém, as denúncias contra os Correios são “gravíssimas”. O senador defendeu um relatório “fidedigno” que esclareça suspeitas de desvios bilionários e crimes administrativos na estatal.

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