SECOM encomenda pesquisa e resultado mostra aumento da rejeição a Lula
Um novo levantamento encomendado pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República acendeu o sinal amarelo no Palácio do Planalto. Realizada entre sexta-feira (1º) e segunda-feira (4), a pesquisa ouviu 2.803 pessoas por telefone e revelou que a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a cair, acompanhada por uma percepção negativa do governo diante da megaoperação policial no Rio de Janeiro.
De acordo com os números, o governo Lula é avaliado como “ótimo ou bom” por 34% dos entrevistados, “regular” por 19%, e “ruim ou péssimo” por 44%. Trata-se do segundo recuo consecutivo desde setembro e uma volta ao patamar de agosto, anulando a leve recuperação registrada anteriormente.
A pesquisa, que chegou às mãos do próprio presidente na noite de segunda-feira, traz ainda resultados preocupantes sobre a percepção pública da atuação do governo na crise de segurança pública no Rio de Janeiro. A operação policial que deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais, teve repercussão quase unânime: 98% dos brasileiros disseram ter tomado conhecimento da ação — no estado do Rio, esse número chegou a 100%.
O resultado, porém, não favoreceu o Planalto. O desempenho de Lula diante da crise foi classificado como “ruim/péssimo” por 45%, “regular” por 26% e “ótimo/bom” por apenas 21%. Já a atuação do governo federal, de forma geral, foi considerada “ruim/péssima” por 39% dos entrevistados.
Em contrapartida, a operação conduzida pelo governo de Cláudio Castro (PL) recebeu apoio de 72% dos brasileiros. No estado do Rio de Janeiro, o apoio foi ainda maior: 73%. Para 46%, a operação foi “necessária e positiva”; 18% consideraram “necessária, mas violenta”; apenas 6% a avaliaram como “desnecessária”, e 24% apontaram “falta de planejamento ou inteligência”.
Apesar disso, Lula decidiu mudar de tom nesta semana. Após manter cautela nos primeiros dias, passou a adotar uma postura crítica, classificando a ação como uma “matança” e reforçando suspeitas de abusos. Trata-se de uma aposta política de longo prazo, avaliam auxiliares palacianos: o governo federal aposta que investigações futuras e a continuidade da presença do crime organizado nos territórios vão corroer o apoio popular à operação.
Uma das perguntas do tracking ajuda a explicar essa estratégia:
“O número de mortes revela”:
– Um reflexo do combate ao crime: 49%
– Um exagero que mostra falta de planejamento: 43%
Embora o apoio à operação seja majoritário, a divisão de percepção sobre a letalidade da ação sugere margem para mudança de opinião pública ao longo do tempo, especialmente se surgirem denúncias formais de abusos.
Outro dado da pesquisa que inquietou o Planalto é a percepção de responsabilidade no combate às facções criminosas:
– 56% dos entrevistados acreditam que cabe ao governo federal resolver o problema da violência no Rio,
– apenas 29% atribuem a responsabilidade ao governo estadual
– e 14% não souberam responder.
A preocupação com o envolvimento do governo na crise é baixa entre os entrevistados:
“O governo Lula está preocupado em resolver o problema do Rio?”
– Muito preocupado: 13%
– Preocupado: 17%
– Mais ou menos preocupado: 17%
– Pouco preocupado: 20%
– Nada preocupado: 29%
Diante desses números, a Secom e auxiliares de Lula estudam ajustes na estratégia de comunicação, sobretudo para tentar reduzir o impacto negativo da percepção de inação federal na segurança pública. A avaliação interna é de que qualquer omissão pode ser explorada eleitoralmente, e o governo precisa encontrar um equilíbrio entre defender os direitos humanos e responder à demanda popular por firmeza no combate ao crime.
Por ora, o Planalto aposta no tempo — e na possibilidade de que o mesmo episódio que hoje impulsiona a imagem de Cláudio Castro possa, com o aprofundamento das investigações, transformar-se em passivo político. Até lá, porém, os números seguem sendo um problema para o governo.

