Relatório da Abin acende alerta ao governo Lula sobre risco de intervenção dos EUA

O governo Lula recebeu um dos alertas mais contundentes já produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) desde o início do mandato. O relatório “Desafios de Inteligência – Edição 2026” afirma que a combinação entre avanço do crime organizado transnacional, fragilidade institucional e interferência de potências estrangeiras cria um cenário real de intervenções militares na América Latina sob o argumento de combate ao “narcoterrorismo”.

Embora o documento não cite nomes, a mensagem enviada ao Planalto é clara — e fontes confirmam: a preocupação da Abin se concentra nas movimentações recentes dos Estados Unidos em direção à Venezuela, em meio à intensificação do discurso militar do presidente Donald Trump.

O relatório explica que vulnerabilidades internas de países latino-americanos estão sendo exploradas por potências externas como justificativa para intervenções disfarçadas de operações de segurança.

Segundo o documento:

“Fragilidades internas e dissidências políticas estão sendo instrumentalizadas sob pretextos securitários — como o narcoterrorismo — para minar a soberania e a autodeterminação da região.”

A mensagem é um recado direto ao Planalto: a instabilidade regional pode abrir espaço para ações unilaterais de Washington, especialmente na Venezuela, cujo espaço aéreo foi fechado pelos EUA por ordem de Trump — fato já classificado internamente como “movimento de alerta máximo”.

Em documento reservado enviado ao presidente, a Polícia Federal reforçou a análise da Abin. Segundo integrantes da cúpula da PF, existe “interesse financeiro e geopolítico” dos EUA na região, e o argumento do narcoterrorismo tem sido usado como instrumento para justificar operações militares.

Foram citados episódios recentes, como:

  • bombardeios norte-americanos no Caribe contra embarcações ligadas ao tráfico;
  • reforço naval dos EUA em áreas próximas à Venezuela;
  • declarações de Trump de que “ataques terrestres podem ocorrer muito em breve”.

A leitura conjunta da PF e da Abin é inequívoca: a América Latina entrou na zona de atenção militar dos EUA.

O alerta apresentado ao governo Lula chega no mesmo momento em que:

  • a crise política da Venezuela se aprofunda;
  • Maduro militariza fronteiras e aumenta estado de alerta;
  • Trump endurece retórica e pressões econômicas;
  • rotas do narcotráfico se expandem pela Amazônia, Caribe e tríplice fronteira;
  • e potências globais elevam presença militar em áreas estratégicas como o Atlântico Sul.

A Abin relaciona esse contexto a um risco concreto de militarização indireta de áreas sensíveis, como a Amazônia, sob justificativas ambientais ou de combate às drogas.

O documento enviado ao governo Lula recomenda que o Brasil:

  • fortaleça mecanismos de integração regional;
  • amplie capacidade de inteligência e contraespionagem;
  • aumente monitoramento das fronteiras;
  • e prepare respostas diplomáticas e militares coordenadas.

A Abin destaca que, sem ação rápida e coordenada, o Brasil pode ser surpreendido por decisões tomadas unilateralmente por potências externas, especialmente em regiões como:

  • Amazônia;
  • Atlântico Sul;
  • Caribe;
  • e tríplice fronteira.
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